A História do Hangul

A criação do Hangul permitiu que os coreanos fossem alfabetizados independentemente de seu status social.

O Hangul (한글) é o alfabeto da língua coreana, um sistema de escrita desenvolvido no século 15 sob a dinastia Joseon, pelo Rei Sejong, o Grande.

Antes do Hangul ser criado, os coreanos usavam caracteres chineses, que eram complexos e difíceis para a maioria da população aprender. Sejong, reconhecendo a importância da alfabetização, criou o Hangul para ser uma escrita acessível para todos.

O Rei Sejong desejava que o Hangul fosse fácil de aprender e entender. O sistema foi projetado para ser fonético, representando sons em vez de palavras inteiras, tornando-o mais simples e acessível para população.

Antes da criação do Hangul, os coreanos usavam caracteres chineses como a escrita principal para escrever o idioma coreano. Devido às enormes diferenças gramaticais entre o coreano e o chinês e, portanto, à dificuldade de dominar os dois idiomas, somente as pessoas da classe de elite eram alfabetizadas.

O Hangul foi oficialmente promulgado em 1446. O sistema de escrita criado por Rei Sejong permitiu a alfabetização em massa da população e contribuiu significativamente para a disseminação da educação e cultura na Coreia.

Vale ressaltar que o desenvolvimento do hangul coreano não possui qualquer influência direta de qualquer ortografia já existente.

Os princípios da criação das letras continuam sendo altamente reconhecidos e apreciados por linguistas ao redor do mundo até os dias de hoje.

Hunminjeongeum

Rei Sejong publicou um documento manuscrito chamado Hunminjeongeum (훈민정음) que significa literalmente “Os Sons Corretos para a Instrução do Povo“. Esse documento descreve por inteiro a escrita coreana, como se fosse um manual.

Este primeiro documento, no entanto, foi escrito em chinês clássico. No seu conteúdo há o prefácio escrito pelo Rei Sejong, as letras do alfabeto, e as descrições dos seus sons.

Mais detalhes sobre o manuscrito

A parte 1 é o texto principal escrito pelo próprio Sejong. Esta parte possui um prefácio onde ele explica seu propósito em criar as novas letras, e uma seção mais longa que apresenta e explica as 28 novas letras, 17 sons iniciais (consoantes) e 11 sons mediais (vogais), e a maneira como eles são combinados para representar sílabas coreanas.

Uma curiosidade: o Hunminjeongeum possuía inicialmente 28 letras, já o hangul atual usa apenas 24 deles.

Já a parte 2, foi escrita pelos estudiosos do Hall of Worthies por ordem de Sejong, e consiste em comentários sobre o texto principal.

O Hunminjeongeum foi parcialmente traduzido para o coreano médio, e esta tradução ganhou o nome de Hunminjeongeum Eonhaebon, possuindo 36 páginas.

O manuscrito do Hunminjeongeum original possui mais de uma edição, sendo elas:

1) Uma versão que contém sete páginas escritas em chinês clássico;

2) Eonhaebon, versão com trinta e seis páginas extensivamente anotadas em hangul, com todos os carateres hanja transcritos no alfabeto hangul numa forma pequena, no seu canto inferior direito;

3) A versão que acreditava-se estar perdida, chamada de Haerye, foi encontrada em 1940, e inclui explicações e exemplos fornecidos pelos estudiosos de Jiphyeonjeon, elementos que não estavam presentes nas edições conhecidas anteriormente.

A edição Haerye é composta por seis capítulos que explicam a criação e o uso das novas letras, abordando seu design, as consoantes iniciais e finais, as vogais, a formação das sílabas e exemplos práticos. Apesar de ter apenas 33 folhas, o conteúdo é sistemático e cientificamente descritivo, é altamente reconhecido e valorizado por linguistas do mundo todo.

Inicialmente se referiam ao sistema de escrita como Hunminjeongeum, e mais tarde passou a ser oficialmente chamado de hangul.

O prefácio do Rei Sejong

O prefácio do Hunminjeongeum, escrito em coreano pelo Rei Sejong, revela já em seu primeiro parágrafo a motivação do rei para a criação do hangul:

A língua do nosso povo é diferente daquela da nação da China, e, portanto, não pode ser expressada pela linguagem escrita do povo chinês. Por essa razão, os gritos dos camponeses analfabetos não sejam bem compreendidos por muitos na posição de privilégio. Eu sinto o sofrimento dos camponeses e as dificuldades enfrentadas pelos funcionários públicos e estou triste com a situação.

Portanto, vinte e oito carateres escritos foram recentemente criados. O meu desejo é que cada pessoa coreana possa se familiarizar com a linguagem escrita recém-criada do coreano e usá-las diariamente de uma forma intuitiva.

O hangul mudou o mundo para melhor

No século 19 foi promovida uma ampla campanha na Coreia para que a publicação de jornais e livros passassem a ser escritos utilizando o hangul.

O Hangul permitiu que os coreanos fossem alfabetizados independentemente de seu status social.

A criação do Hangul é considerado um marco tão importante para o mundo, que em 1997 foi reconhecido como Patrimônio Cultural da UNESCO.

O “Dia do Hangul”, também conhecido como “한글날”, é um feriado nacional tanto na Coreia do Sul quanto na Coreia do Norte. Ele celebra a criação e a proclamação do alfabeto coreano. O feriado é comemorado em 9 de outubro na Coreia do Sul e em 15 de janeiro na Coreia do Norte.

O Hangul e a língua coreana representam uma parte essencial da identidade cultural da Coreia, refletindo a sua rica história e contribuindo para a sua vibrante cena cultural contemporânea.

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